psicanálise para quê?

Monday, April 09, 2007

O MAL ESTAR NA GRAVIDEZ
O fato de uma mulher engravidar não passa de uma das ocorrências do desejo, dito por todos como algo de sagrado, incontestável. Será este desejo comandado e ordenado por um voto do "eu quero?".
Não podemos e nem devemos ignorar que toda e qualquer gravidez, levada ou não adiante, implica em um voto infinitamente complexo: qual o contexto que desencadeou a gestação? Qual a fantasia do homem e da mulher estarão implicados aí? Esta fantasia estará também nodulada com os membros da família do homem ou da mulher? E haverá ecos de desejos e fantasias desconhecidos aí?
E por que algumas mulheres conseguem e outras não, acolher o embrião em seus úteros? Sabemos que esta acolhida do embrião é sempre subjetiva assim como é subjetiva a acolhida da uma criança ao nascer. São duas subjetividades, estão em dois momentos diferentes, com desejos e fantasias diferentes, mas que necessitam se nodular para compor o nascimento de uma criança.
Neste sentido podemos afirmar que toda mulher é portadora em seu corpo de uma cristalização de um amontoado de votos. Para que haja a fecundação humana é necessário que estes votos sejam reconhecidos e se o forem, possibilitarão o nascimento da criança. Não o sendo, encontramos os avatares de gestações interrompidas, seja por abortos espontâneos ou provocados, ou mesmo a morte do feto no útero.
E a mulher que não puder desvendar minimamente quais os reais motivos desta perda, poderá vir a sofrer muito mais com o fantasma que este acontecimento pode produzir. É aí que a psicanálise poderá intervir, tornando possível este desvelamento, descristalizando-o.

3 Comments:

  • At 3:17 AM, Blogger psicanálise para quê? said…

    How you read my posting if I write in portuguese? Thak you. Silvia

     
  • At 9:37 AM, Blogger Ioottinha said…

    Silvia, assumir isso não seria o mesmo que dizer que nós somos responsáveis por tudo que acontece com o nosso corpo? E dizer isso não seria o mesmo que nos colocarmos acima da morte? Se eu assumo que uma mulher é incosncientemente responsável por um aborto espontâneo que teve, por exemplo, não estaria, por analogia, assumindo que qualquer doença, mesmo a AIDS, é "superável"?
    Meu ponto é o seguinte: nós não somos Deus. Temos poderes maiores do que somos ensinados a ver, sim, mas achar que podemos controlar tudo não seria um pouco arrogante, pra não dizer infantil?
    Bjs,
    Carolina.

     
  • At 11:27 AM, Blogger psicanálise para quê? said…

    Carolina, sermos responsáveis implica em uma consciencia e não uma inconsciencia, portanto não creio que possa haver ninguém "inconscientemente responsável", como coloca em seu comentário. Isto demonstra que talvez vc tenha lido um pouco rápido demais meu texto. Há vários estudos sobre estas questões publicados a partir de experiencias em trabalhos de pré natal em hospitais que operavam mulheres que decidiam sobre sua gravidez abortar. Nestas pesquisas fica muito claro na medida de uma conscientização,algumas implicações que produziram esta ou aquela gravidez e o porque umas decidem por serem mantidas e outras não. E há outras pesquisas tb em neo-natal, tanto em UTIs quanto acompanhamento de parturientes. E é justo por não sermos Deus, ou seja, perfeitos, que sofremos dos avatares do desejo.

     

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