psicanálise para quê?

Monday, August 17, 2009

DEPRESSÃO E ANSIEDADE NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA.
A OMS nos informa que nos últimos 10 anos houve um aumento de quase 100% na depressão infanto-juvenil. Entre as causas informadas sobre este aumento, as mais pregnantes foram a violência urbana e o excesso de atividades. O que nós psicanalistas temos a dizer sobre isso?
O que mais observamos em nossas pesquisas é que devido as mudanças culturais houve um verdadeiro declínio da autoridade dos pais e isto não o foi sem efeitos. Cada vez mais os pais passam a maior parte do tempo longe de seus filhos e a educação que ficava a critério na maior parte das vezes das mães com a anuência dos pais, pois elas se referiam a eles para educar, hoje em dia tanto os pais como as mães passam a maior parte do tempo no trabalho e as normas do convívio social são entregues as babás e as escolas. O amor dos pais que era passado através dos limites, segundo a lógica de que quando a criança se submete aos limites ela recebe o amor, foi transfigurada pela culpabilidade dos pais que oferecem objetos, presentes e não a presença de uma palavra que quando dita com autoridade ( não confundir com autoritarismo), possa mesmo ao se ausentarem, oferecem a Lei, os limites de que a criança tanto precisa. O que mais vemos hoje são pais demissionários da função de autorizar-se a transmitir a Lei, a Lei Paterna, como dizemos na psicanálise.Pois quando falamos em transmitir a função paterna, estamos falando da normatização, que implica colocar limites à criança, pois esta ainda é puramente pulsional e serão estes limites que irão possibilitar a criança a não sucumbir as angústias e aos sintomas mais óbvios, tais como a chamada hiperatividade, depressão, problemas de aprendizagem, etc.
Por outro lado, não podendo educar, os pais decidem por colocar as crianças em várias atividades e quando estas chegam a adolescência começam a ser exigidas tanto do ponto de vista de um excelente desempenho escolar quanto do ponto de vista profissional e sentem-se tendo que corresponder a expectativa dos pais. E mais, estas escolhas na maior parte do tempo não será em cima das aptidões de cada um e sim em cima das exigências do mercado, onde os valores são: ser bem sucedido é ser rico. Deste modo, sem recursos subjetivos, os sujeitos se sentem amados pela imagem que passam e não pelo sujeito que eles são. Grande mal entendido, pois o sucesso de um profissional se dá muito mais pela via de uma transmissão da lei do amor e do desejo dos pais. Lembrando sempre que amar é aceitar as diferenças.

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