psicanálise para quê?

Saturday, January 24, 2009

VIOLÊNCIA SEXUAL

Não houve uma vez sequer que tendo escutado algum relato de alguém que tenha passado por uma violência sexual, sendo adulto ou criança, que este não tenha se sentido culpado por ter sido vitima deste tipo de violência. Digo isto em termos de ter podido ouvir isto particularmente em tratamentos, lugar onde o sujeito consegue parar de ignorar seus sentimentos.
Tanto o adulto quanto a criança se culpam pelo fato desta situação sexual implicar sempre em algo que remete a algo da ordem do "prazer", seja este do toque em seu corpo, independentemente de suas vontades, mesmo na impotência, mesmo não podendo se defender daquele agressor, de qualquer modo há uma espécie de "prazer" que coloco assim entre aspas, pois este não é da ordem de um prazer consiente e consentido. E se não é da ordem consciente e nem da ordem do consentido, seja qual for a situação trata-se sempre de uma invasão ao direito do outro, portanto de uma violagem deste outro, o que em termos sociais é um ato contra a lei, contra os direitos do individuo.
Portanto ao ouvir, por exemplo, mulheres que passaram por uma tentativa de estupro, mesmo não sendo consumado o ato de estupro, a própria situação de tentaiva de uma forçagem, é da ordem de uma humilhação, de uma invasão dos direitos deste sujeito, que podemos e devemos denunciar aos orgãos públicos, mas a maioria nem sequer fala para os familiares, pois inconscientemente pensam que têem alguma participação nisto, participação esta, que só pode interessar ao sujeito em sua análise, por ser da ordem de um sintoma, sintoma este configurado pelo fantasma original inconsciente. Portanto, mesmo que as mulheres ou homens ou crianças, que sofreram algum constrangimento ou violência neste sentido, não deve no caso do adulto ou adolescente se calar e a criança, seu responsável também não deve se calar, é importante que tornem este agressor público e se querem proteger a sí ou a criança, podem pedir sigilo na denúncia policial.
Houve em certa ocasião um fato ocorrido em outra cidade, que me foi descrito por uma pessoa que acompanhou o caso. O pai de uma familia bem pobre, violentou uma de suas filhas de 10 anos de idade e fora toda a problemática para esta criança, não somente por ser seu pai, mas pela violência a qual foi submetida, a mãe desta criança, orientada por assistentes sociais, denunciou o pai de seus filhos, que foi preso. A familia que já passava por dificuldades financeiras graves, com este homem preso, passou a ter mais dificuldade ainda por falta do salário trazido pelo agressor. Estou trazendo este exemplo aqui por ter escutado absurdos a este respeito, claro que este homem devería continuar preso, mas é claro que esta familia também devería ser apoiada pelo estado financeiramente para que não se misturasse uma coisa a outra, o que é mais comum na maioria destes casos.

3 Comments:

  • At 5:00 PM, Blogger PensarFalar said…

    Interessante blog! Bem instrutivo para os interessados em psica... me faz uma visitinha?

     
  • At 11:24 AM, Blogger Antonia D'orazio said…

    Silvia,
    Achei muito interessante e o seu blog e gostei muito dos textos que li.
    Sobre esse caso me veio na cabeça um filme que a minha mãe sempre me comenta : O porteiro da noite.
    É interessante pensar na relação que a pessoa tanto agredida e violentada começa a ter com seu agressor, exatamente pelo fato de misturar com a relação do "prazer" que você comentou.
    Beijos Antonia

     
  • At 8:09 AM, Blogger Filipe Martins A. Pereira said…

    Parabéns pelo Blog! O texto desenvolvido é, de fato, muito interessante e curioso.

    Quanto à ocultação da vítima de abuso sexual, acredito que além de todo sentimento de culpa revestido na situação, principalmente há um receio implícito no que tange o preconceito social pós-trauma, o que resulta na maioria das vezes na não publicidade do crime.

    Vale ressaltar, que antigamente, era necessária a queixa-crime por parte da vítima de estupro,o que muitas vezes não acontecia pelo medo supracitado. Porém, atualmente, basta o Ministário Público ter o conhecimento do fato delituoso para oferecer a denúnica, sem mesmo necessitar da vontade do ofendido para dar ínicio ao processo.

    Filme sobre o tema: Time to Kill.

    Ratifico o parabéns pela matéria!

     

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