psicanálise para quê?

Sunday, March 25, 2007

A DOR DE EXISTIR

"Vivo sem em mim viver
E tão outra vida espero
Que morro de não morrer"
Santa Teresa D'Avila


A dor de existir é situada por J. Lacan no discurso melancólico. Sua forma de expressão é a tristeza, sentimento profundamente humano, que é sentido por nós, seres humanos, desde o momento de nossa constituição, pois para existirmos enquanto sujeitos, sujeitos da linguagem, é necessário que nos fundemos en torno de uma falta. Mas, o que é a dor psíquica? E o que a provoca?
Freud em seu texto "Inibição, Sintoma e Angústia" de 1926, irá nos dizer que é a perda que promove uma intensa exitação dolorosa e que o sujeito terá que se confrontar durante toda sua vida com situações onde ele poderá perder algo. Estaríamos condenados a dor em toda nossa vida? Responderei a esta questão mais adiante.
Vamos primeiro abordar a perda como questão: será que o sentimento de perda se coloca para nós de forma diferente dependendo do objeto da perda em cada época da vida?
Vejamos o que Freud nos diz a respeito daqueles que tem uma estrutura psíquica neurótica, o que em psicanálise consideramos os falantes: se com quatro anos sofremos porque nosso brinquedo preferido se quebrou, se com quinze levamos um fora do namorado, sofremos horrores, se perdemos o emprego que gostamos e que nos permitiría viver aos cinquenta dignamente, vamos sofrer, será doloroso, mas é preciso verificar que estes elementos que determinam este sofrimento tem sua época própria e desaparecerão quando esta época termina. Mas certamente acharemos estranho se uma pessoa adulta começar a chorar e sofrer se algum objeto sem valor for danificado. Contudo é exatamente assim que o neurótico se comporta, nos diz Freud.