ADOLESCENCIA

A adolescencia é um período da vida do sujeito onde ocorrem várias mudanças, tanto em seu corpo, quanto no seu psiquismo. As vezes, é um período de extrema dificuldade, tanto para o adolescente, quanto para seus pais. Isto porque, além das transformações do corpo, e o empuxo hormonal, geralmente vividos com estranheza e/ou júbilo, de qualquer modo, vive-se a expectativa em torno de : "como ficarão minhas pernas, elas estão finas demais, grossas demais, estou muito magro, meu nariz está muito grande, estou ficando um vara- pau, estou uma baleia", enfim, todas as diferentes possibilidades e expectativas sobre seu narcisismo irão pulular neste momento. E ao mesmo tempo, o sujeito já não é o garotinho ou menininha da mamãe, e é convocado a se posicionar no seu mundo real de uma outra forma, o que vc será quando adulto, que carreira, suas traquinagens ou fracassos, já não são mais vistos com a delicadeza que os pais veêm os seus pequenos tirando uma nota insuficiente na escola. Perda de sua posição de reizinho e caída em um mundo feroz. E agora? A tendência é a de mudar de identificação, esta que antes era com os pais, tornarse-á com o lider do grupo. Daí que este sujeito estará sempre com seu grupo de amigos e vivendo em torno dos valores do grupo, mesmo aqueles que são rejeitados e ficam fora do grupo, gravitarão em torno destes valores, seja para criticar e fazer totalmente diferente daqueles, o que geralmente é a mesma coisa, pois entre o oito e o oitenta, nesta caso não há nenhuma diferença. Esta identificação com o grupo também permite ao adolescente, começar a se separar de seus pais e isto se dará com efeitos maiores ou menores, benéficos ou maléficos, como por exemplo, o empuxo as drogas, que por mais que drogas como a maconha, possa fazer parte de um ritual e ficar somente nisto, há casos onde esta droga toma uma dimensão na vida de alguns adolescentes, que eles vivem suas vidas somente para acordar e fumar, encontrar amigos para fumar, e mais e mais, e isto necessariamente prejudicará outros pontos de sua vida e é a escola que geralmente dá o primeiro alarme, pois a queda no rendimento escolar, é gritante. Por outro lado, nem sempre eles escolhem estas drogas, usam alcool e ficam bebendo com os amigos em festas de sexta ou sábado e quantas vezes vimos acontecer de nossos adolescentes morrerem nos acidentes de carro? Enfim, sabemos que a adolescencia passa, para a maior parte das pessoas, nem todas, é bem verdade, mas estando mais atentos, podendo ouví-los melhor e não ouvir somente nossos próprios medos, não tornaríamos esta passagem menos dolorida?

SOB O DOMÍNIO DO DEVER

Sabem aquelas pessoas que se acham sempre tomadas de obrigação? Ou que nos parecem certinhas demais ou distantes demais? Não estou falando aqui de pessoas que são melhores nem piores do que outras, mas sim de um modo muito particular que algumas pessoas lidam com seu desejo, desejo este estruturante para todo falante.
Estes sujeitos, homens ou mulheres ( e nas mulheres particularmente não encontramos este certinho ou distancia tão evidenciado), ao se estruturarem irão tratar sua dívida simbólica, dívida esta que se coloca para todo e qualquer falante que se assujeita a sua condição de ser humano e portador da linguagem, irão tratar como dever e culpa.
Portanto toda relação que estabelece com qualquer outro e é óbvio que quanto mais próxima do outro estiver, mais forte será este sentimento de se sentir obrigado a satisfazer todas as vontades deste outro, para quê? Somente para apaziguá-lo, para que este outro não o engolfe. Esta é a fantasia que construímos na N.O. E quanto mais criticados estes forem, mais aparentemente tenderão a tentar se "corrigirem", mas, de fato, em seu íntimo, se afastam cada vez mais do outro. Mas não é só disso que teêm medo não, quando acontecem de desejar muito intensamente alguém, a ameaça de morte subjetiva se agiganta e estas pessoas farão de tudo para fugir deste risco tão medonho.
Portanto se voce vive cheio de dúvidas, culpas, obrigações, deveres a cumprir, saiba que estes mecanismos são próprios para afastá-lo daquilo que te origina como humano e que te tornaría uma pessoa com mais alegria de existir, que é tomar em suas mãos seu movimento desejante.

O MAL ESTAR NA GRAVIDEZ
O fato de uma mulher engravidar não passa de uma das ocorrências do desejo, dito por todos como algo de sagrado, incontestável. Será este desejo comandado e ordenado por um voto do "eu quero?".
Não podemos e nem devemos ignorar que toda e qualquer gravidez, levada ou não adiante, implica em um voto infinitamente complexo: qual o contexto que desencadeou a gestação? Qual a fantasia do homem e da mulher estarão implicados aí? Esta fantasia estará também nodulada com os membros da família do homem ou da mulher? E haverá ecos de desejos e fantasias desconhecidos aí?
E por que algumas mulheres conseguem e outras não, acolher o embrião em seus úteros? Sabemos que esta acolhida do embrião é sempre subjetiva assim como é subjetiva a acolhida da uma criança ao nascer. São duas subjetividades, estão em dois momentos diferentes, com desejos e fantasias diferentes, mas que necessitam se nodular para compor o nascimento de uma criança.
Neste sentido podemos afirmar que toda mulher é portadora em seu corpo de uma cristalização de um amontoado de votos. Para que haja a fecundação humana é necessário que estes votos sejam reconhecidos e se o forem, possibilitarão o nascimento da criança. Não o sendo, encontramos os avatares de gestações interrompidas, seja por abortos espontâneos ou provocados, ou mesmo a morte do feto no útero.
E a mulher que não puder desvendar minimamente quais os reais motivos desta perda, poderá vir a sofrer muito mais com o fantasma que este acontecimento pode produzir. É aí que a psicanálise poderá intervir, tornando possível este desvelamento, descristalizando-o.

O DESEJO INSATISFEITO

'Vivo sem em mim viver e tão outra vida espero, que morro de não morrer". Muitas mulheres se identificam com esta frase, compreenden-na perfeitamente. Talvez poucas saibam que esta frase é de Santa Teresa D'Ávila, totalmente desejosa e com um semblante gozoso diante de Cristo na cruz, sonhando com sua vida eterna ao lado D'Ele.
Uso esta frase tomada de empréstimo da Santa, para ilustrar o que é da ordem de uma das estruturas psíquicas que nomeamos em psicanálise de histérica. O fantasma que aprisiona a histérica é o da obrigação de gozar de um desejo insatisfeito. Portanto para manter seu desejo insatisfeito, esta mulher irá produzir todo tipo de situações onde o que estará em jogo é exatamente não estar nunca satisfeita, não realizando nada do que se propõe.
Vou dar um exemplo: já viram voces uma mulher casada ou namorando que não cessa de se queixar de seu homem? Se tem filhos, os elogia dizendo o quanto eles lhe dão trabalho? Se é uma profissional, como seus colegas de trabalho são preguiçosos ou burros? E seu patrão, se for homem, é sempre um grosso ou sedutor e se é mulher, ela é sempre burra e mal vestida e mal amada. E no seu tempo de lazer, o que costuma fazer? Devaneia sobre a vida "ideal" que gostaría de ter, o que certamente não lhe servirá para modificar aquilo que não gosta em sua vida real, pois isto é um modo de manter-se sempre insatisfeita e naõ produzir nenhum movimento efetivo para modificar tudo aquilo que diz não gostar. E quase ninguém tem nenhuma noção de que isto é da ordem de um sintoma e que pode ser de fato combatido e transformado.