psicanálise para quê?

Tuesday, June 10, 2008

HOMOSSEXUALIDADE FEMININA????????
Em meados dos anos 90 no Rio de Janeiro, as meninas nos "bailes" de forró, além de dançarem juntas,começaram a se beijar na boca, demoradamente e esfregarem-se no meio da pista de dança, garotas na maioria com seus 13, 15, 18 anos de idade. Seriam elas lésbicas de fato ou sería um modo de excitar os garotos ou de mostrar a eles que não precisavam deles ou de uma experimentar a sexualidade imposta pela revolução hormonal ou de estar na "moda"? De qualquer modo, estava acontecendo alí, uma mudança de costumes: aquilo que era da ordem do privado tornava-se público. É claro que grande parte das meninas podem ter experimentado ou 'aprendido' o beijo de língua com a melhor amiga e já escutei relatos onde me contavam que ao dançar juntinhas e sozinhas em seus quartos com as amigas, na época da repressão sexual, muitas vezes se beijavam e também ao encostarem o sexo uma na outra, por vezes era tão exitante que uma delas propunha a outra de enfiar a mão dentro da calça da outra e masturbarem-se mutuamente.
Sabemos que as crianças e adolescentes se tocam no aprendizado do prazer de seus propios corpos e mesmo muito antes disso,em nossa origem, não temos a inscrição em nosso cérebro a qual sexo pertencemos e muito menos qual é o nosso objeto sexual escolhido, por isso Freud afirmava que todos os infans seriam perversos polimorfos. O que quer dizer que mesmo após a organização sexual infantil, em nossa sexualidade adulta, teremos em nosso inconsciente os traços de todas as espécies de pulsões sexuais.
Mas isso nos indica somente que a escolha sexual se dá na organização psiquica na primeira infancia, portanto de saída já somos, se estruturados na neurose, homossexuais ou heterosexuais. Ou seja, nenhuma prática na infancia ou adolescencia, mesmo diferente da primeira "escolha" objetal poderá tornar alguém homosexual ou heterosexual, pois esta primeira "escolha' já se definiu muito antes do sujeito ser capaz de realizar qualquer escolha consciente.
Sabemos também que o suporte anatomico da genital feminina é menos "privilegiado" na hora do sexo com o homem, do que o do homem, isto porque a região com maior enervação é tocada descontinuadamente no ato sexual, ao passo que a região mais enervada do homem é tocada durante o ato continuamente. E isso pode ser mais ou menos impedidor do orgasmo, dependendo da experiencia de ambos os parceiros. E ao mesmo tempo, isso é somente o suporte material da possibilidade orgástica, sendo que o que o promove de fato é da ordem de uma fantasia. Cito isto apenas porque ao iniciar a vida sexual, devido a inexperiencia, sem ter orgasmo no ato sexual com o homem, muitas mulheres preferiram o sexo solitário e por vezes acompanhado de uma fantasia que incluía o sexo com mulheres, o que por vezes as fizeram supor serem lésbicas. E buscar esta prática sexual. Só que se esqueceram que a fantasia sexual é fantasia, portanto para ser vivida com prazer, deve ficar em seu devido lugar, ou seja, na fantasia.
Agora, o que está se passando em nossa contemporaneidade? A liberação sexual fez com que as mulheres obtenham mais prazer sexual? A possibilidade de trocar de parceiros com liberdade as fez gozarem mais de seu corpo? A utilização que o mercado fez e faz do corpo das mulheres para venda de produtos as fez terem mais prazer sexual? E o desejo sexual na mulher, aumentou?
Vemos hoje nos jornais e revistas artigos onde mulheres dizem não aceitar que se deem a elas uma nomeação do sexo praticado, homo ou hetero. Isto porque não se apaixonam mais pelo homem tal, nem pela mulher tal, se apaixonam pela 'pessoa'. E aí, uma sexualidade indeterminada, não nomeada ou nomeada de "pan"? O que isto pode produzir? É mais um modismo ditado por uma necessidade mercadológica? Será que isto torna estas pessoas mais "bem resolvidas"? Será que isto pode destruir o desejo sexual do mesmo modo que se vislumbra a reprodução não sexual como já acontece em casos tipicos de dificuldade de procriação? Para onde estamos caminhando, será mesmo que trata-se de uma escolha evolutiva ou um modo de exterminar o desejo? Sabemos?